Segundo Platão: “A arte pode ser fonte de
ilusão e levar ao engano por alimentar as paixões”. Desta forma podemos afirmar que corremos o risco de focarmos
apenas no belo e fecharmos os olhos para a realidade diante de nós. Não estamos
diante apenas do belo, mas também estamos diante da dura realidade da poluição,
descaso, falta de saneamento básico, falta de expectativa de melhor vida para
os ribeirinhos. Diva Cunha expressa bem em seu poema a verdade sobre o Estuário
do Rio Potengi:
“Espelho da cidade,
Suja, turva
Fio de merda
A escorrer
Melancólico,
Para a boca
Gulosa do mar.
Quem assim te vê,
Não sabe da saudade
Rio-taba
Rio-aldeia
Idéia que a memória
te clareia
Em rio
Só
Água?”
Raul Winchester |
É evidente que os ribeirinhos convivem com duas
realidades bem diferentes, a beleza natural do pôr-do-sol que podemos
classificar como sublime e o feio que retrata como no poema acima as mudanças sofridas
pelo ecossistema do Rio Potengi ao longo de décadas. Estas duas realidades se interligam
com a visão platônica, “Platão que via o universo como dividido em dois mundos,
o mundo em ruína e o mundo em forma. O nosso mundo, este mundo
sensível que temos diante dos nossos olhos, é o campo da ruína, da morte, da
feiúra, da decadência”(SUASSUNA, ariano, 2009, p.44)
Jeronymo Emmanuel |
Tanto
o rio como o mangue recebem o lixo e esgoto sem tratamento de várias partes da
cidade, a população sofre diariamente com o mau cheiro vindo do esgoto a céu
aberto. Ao mesmo tempo em que todos os dias contemplam diferentes pôr-do-sol
de beleza indescritível e que inspiram a alma artística e romântica de muitos
dos seus espectadores.
Temos que agir, para mudar a realidade vigente. O que você faz, para então alternar esse fluxo de equifoco com a sociedade.